ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

ABM Week discute as novas demandas tecnológicas de circularidade na indústria

Mesa-redonda reuniu especialistas de grandes organizações para debater o assunto, compartilhar o que a indústria já tem feito e como avançar

Fonte: assessoria ABM

Fundamentais para a economia mundial, os materiais críticos têm levado à indústria de base à reflexão sobre a finitude dos recursos que, hoje, são abundantes. Neste cenário, a economia circular e a transição energética se estabelecem como temas cada vez mais necessários para a cadeia produtiva e requerem apoio tecnológico para avançar nas soluções para o setor, tendo sido abordados em mesa-redonda durante a 8ª edição da ABM Week, o maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, metais e mineração.

A fim de discutir o ciclo de vida de processos, produtos e inovações tecnológicas em reutilização, recuperação e reciclagem de ligas metálicas, metais e minerais críticos e estratégicos, sob a ótica da Economia Circular, na ABM Week, especialistas do setor se dedicaram a construir uma visão baseada nos últimos desenvolvimentos e na implementação da economia circular.

Organizada pela Comissão Técnica de Economia Circular e Sustentabilidade, coordenada e moderada pelo professor Dr. Carlos Alberto Mendes Moraes, da UNISINOS, a mesa-redonda "As novas demandas tecnológicas de circularidade na indústria" foi realizada no primeiro dia do maior evento organizado pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), no Auditorium Vale-Transição Energética, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo.

Participaram da mesa Márcio Artiaga, Diretor da Onearth Carbon; Lúcia Helena da Silva Maciel Xavier, Pesquisadora Titular do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM); Rogério Marques Ribas, Gerente Executivo Produtos para Baterias - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM); e Julio Cesar Nery Ferreira, Diretor de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Análise do ciclo de vida na indústria circular

Na ocasião, Márcio Artiaga dedicou-se a uma análise do ciclo de vida na indústria circular, destacando a importância de se pensar a produção da indústria com atenção para a pegada de carbono. “Nós ainda não vivemos uma economia de baixo carbono; vivemos a sua filosofia. Diminuir a pegada de carbono é necessário para que a gente alcance uma vida sustentável”, frisou o executivo. Para Artiaga, “teremos de acelerar o processo de descarbonização, pois já estamos sentindo os efeitos do aumento da temperatura da terra em 1,5ºC, que era sinalizado para ocorrer em 2050, e agora se fala em aumento de 3ºC”.

Márcio Artiaga, Diretor da Onearth Carbon

O especialista ressaltou ainda que a pauta da descarbonização já se apresenta como tema de interesse para a população, o que requer ainda mais atenção da indústria. “O mercado de carbono já aconteceu, a discussão chegou às escolas e ao mainstream, e as indústrias precisam se preparar para isso, porque até gerações mais novas já estão cobrando”, disse. Para Artiaga, num futuro próximo, as gerações olharão para as prateleiras do mercado e buscarão as calorias climáticas dos produtos, ou seja, a pegada de carbono de cada item.

Demanda versus impacto

Em sua contribuição, Lúcia Helena da Silva Maciel Xavier explanou sobre a relação demanda versus impacto relacionada a novas ligas, materiais estratégicos e mineração urbana, alertando que esta demanda crescente por minerais pode acarretar na vulnerabilidades do mercado de mineração, como a volatilidade nos preços, por exemplo. Segundo a pesquisadora, “o Brasil é o quinto maior gerador de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, que podem ser fontes secundárias de materiais críticos e minerais estratégicos”. Este cenário permite que o país possa ser qualificado como um importante player no estabelecimento de processos produtivos por possuir matriz elétrica verde e potenciais minas como fonte de insumos secundários.

Lúcia Helena da Silva Maciel Xavier, Pesquisadora Titular do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)

Lúcia Helena compartilhou ainda que, quando se pensa em economia circular, o que era visto como resíduo passa a ser considerado recurso. "Enquanto antes a gente falava sobre gestão de resíduos, agora nós falamos em gestão de recursos”, afirma. Para a especialista, esta gestão de recursos implica trabalhar com sistemas complexos e inteligentes, reinserção em cadeias produtivas flexíveis, unidades de produção compactas, fazer gestão da informação e ter sistemas integrados.

O potencial dos óxidos de Nióbio

Rogério Marques Ribas, da CBMM, falou sobre o potencial dos óxidos de Nióbio, compostos destacados pelo profissional como transformadores para o desenvolvimento de materiais avançados para baterias de íons de Lítio. Segundo Ribas, quando aplicado no catodo da bateria (polo positivo), o Nióbio melhora a segurança e a capacidade de carga da bateria. Já “a aplicação no ânodo (polo negativo) é uma novidade única que o Nióbio possibilita. Ao substituirmos integralmente o carbono, que é presente em 95% das baterias, por Nióbio, superamos uma limitação que o carbono tem, que é receber altas correntes”, explica.

Rogério Marques Ribas, Gerente Executivo Produtos para Baterias - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM)

Ribas compartilhou ainda que, em junho deste ano, iniciaram os testes do primeiro ônibus elétrico com bateria de íons de Lítio e Nióbio. Na ocasião, a bateria do veículo, desenvolvido em parceria com Toshiba e Volkswagen Caminhões e Ônibus, foi completamente carregada em 8 minutos e 37 segundos.

Economia circular e a transição energética na mineração brasileira

Julio Cesar Nery Ferreira, por sua vez, dedicou-se a discutir o cenário da economia circular e a transição energética na mineração brasileira. Segundo Nery, 27% das empresas estão preocupadas com rejeitos e, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria, 88% dos empreendedores acham a economia circular importante. Nery destacou que é “preciso criar uma política industrial para o Brasil que valorize o desenvolvimento da indústria”.

Julio Cesar Nery Ferreira, Diretor de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)

Sobre a 8ª edição da ABM Week

A ABM Week 8ª edição tem a ArcelorMittal como anfitriã e conta com o patrocínio das seguintes empresas: DME Engenharia, Gerdau, Vale, CBMM, Gecal, Primetals, Shinagawa, SMS group / Paul Wurth / Vetta, Ternium, Usiminas, White Martins, HWI - a member of Calderys, Carboox, Ibar, Vesuvius, Villares Metals, Aperam, Danieli, Kofre, PSI, Reframax, RHI Magnesita, Beda / Lechler, BRC, Bruker, Clariant, Cordstrap, D&M, DHM Group, DITH Refractories, GMI, Harsco, IMS, Kuttner, Lhoist, Magna, Nalco Water, Phoenix, Polytec, RIP, Russula, Sinomach, Tecnosulfur, Yellow Solutions, ABB, AçoKorte, Alkegen, Atomat, Bautek, Cisdi, Coalician Carbon, Dassault Systemes, Data Engenharia, Densit, Direxa Engineering, Eirich, ElectraClean, Enacom, ESW, Evonik, Fluke, Fosbel, GE Vernova, Hastec, Heraeus Electro-Nite, Ingersoll Rand, Intelbras, Irle Rolls, Köppern, Lumar Metals, Maud Group, Nouryon, Rimac, Serthi Hidráulica, Sinosteel, Smarttech, Solenis, Spectraflow, Spraying Systems, SunCoke Energy, Timken, TSR Mill Rolls, Vamtec Group, Veolia, Vika Controls, Vixteam, Weir e ZwickRoell.

Serviço | Mesa-redonda "As novas demandas tecnológicas de circularidade na indústria" - 8ª edição da ABM Week
Data: 3 de setembro de 2024
Local: Auditorium Vale Transição Energética, Pro Magno Centro de Eventos - Av. Profa. Ida Kolb, nº 513, Jardim das Laranjeiras, São Paulo - SP

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